A infiltração americana de Xinjiang, na China
Por Larry Romanoff, 05 de Julho de 2021
Tradução exlusiva para PRAVDA PT
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Quero preparar o cenário para este assunto, contando-vos uma história.
Quando era estudante universitário, trabalhei durante um Verão num supermercado enorme, na minha cidade. Era um óptimo local para trabalhar, com boa gestão e padrões muito elevados de serviço ao cliente, tanto que a nossa localização era um exemplo de perfeição na nossa cidade e a inveja dos nossos concorrentes. Como exemplo, nenhum cliente estava autorizado a transportar as suas compras para o carro; essa tarefa fazia parte do nosso trabalho. Todos os funcionários eram muito jovens. Trabalhávamos muito, dávamo-nos todos muito bem, divertiamo-nos e sentiamo-nos muito felizes.
Então, um dia, um jovem com cerca de 30 anos, organizador de um dos principais sindicatos de trabalhadores do país, começou a aparecer no nosso supermercado e a falar com o pessoal sobre a formação de um sindicato. Eu não estava interessado e, de qualquer modo, estava de regresso às aulas no Outono, pelo que o assunto não me preocupava muito. Mas depois de repetidas visitas, alguns dos funcionários começaram a participar em reuniões com este homem, fora das horas de serviço e, em breve, todos compareciam.
E rapidamente experimentamos uma espantosa mudança e o nosso local de trabalho alegre começou a ficar incutido de amargura, ressentimento e agressividade, sem qualquer razão evidente. Em breve, o pessoal votou para formar um sindicato e, dentro de algumas semanas, votou para iniciar uma greve. Nunca tinha visto uma transformação tão rápida. A loja inteira tinha passado de um ambiente de trabalho quase ideal para um ambiente cheio de amargura e ódio, e sem causa perceptível. Foi tão mau que um fim-de-semana alguns dos funcionários, durante a noite, cortaram as linhas de fornecimento de energia electrica do supermercado de modo que todos os alimentos congelados e perecíveis teriam de ser retirados na segunda-feira de manhã. Muitas das janelas enormes da fachada de dois andares, foram quebradas durante várias noites.
A greve acabou por ser resolvida, com um aumento salarial de 5% para todo o pessoal, mas os danos tornaram-se permanentes. O ambiente era tão tóxico que todo o pessoal saiu no espaço de talvez um mês, incluindo toda a gerência. Ninguém estava disposto a permanecer nesse ambiente degenerado.
Lamentei sempre não ter assistido a essas reuniões com esse organizador sindical, porque teria querido compreender as palavras e os métodos que ele utilizou para criar tal transformação. Acabei por aprender que é extremamente fácil criar animosidade e conflitos, mesmo entre bons amigos. Parece não haver problema em encontrar um ou dois indivíduos que possam ser transformados em grunhidos descontentes e que, por sua vez, infectarão todos à sua volta; basta saber quais os botões que devemos utilizar.
Os americanos são especialistas famosos neste processo, utilizando-o não para instalar sindicatos e causar conflitos laborais, mas para instigar a instabilidade política e causar revoluções. Tal como aconteceu com a sua dúzia ou mais de ‘revoluções coloridas’, foi o que aconteceu com Hong Kong no passado recente e também em Xinjiang. Em Hong Kong, o Departamento de Estado norte-americano, a trabalhar através do consulado americano, organizou e financiou dezenas de ONGs, importou profissionais causadores de problemas, elaborou longas séries de ‘seminários’ separtistas e transformou uma cidade feliz num foco de amargura, ressentimento e agressividade que originou cerca de um ano de violência quase inacreditável. A **”Mão Negra” americana tem sido tão bem documentada, incluindo o vídeo da reunião dos funcionários consulares com os terroristas, que não é necessário apresentar aqui mais provas. Em Xinjiang aconteceu o mesmo, com os potenciais terroristas a ser treinados e financiados tanto no país como no estrangeiro.
Muitos leitores recordarão Timothy McVeigh e o bombardeamento da cidade americana de Oklahoma em 1995, onde um camião carregado de explosivos foi detonado, destruindo grande parte de um edifício governamental e matando quase 200 pessoas. A minha avaliação desse acontecimento levou-me a acreditar que McVeigh pode ter sido uma pessoa sã e racional no início, mas que algures, pelo caminho, a sua mente se torceu e ele próprio se convenceu de que o sistema era tão corrupto que a violência gratuita contra pessoas inocentes era um método apropriado de exprimir desacordo. Afirmou depois, que o que fez não era diferente do que os EUA “derramavam sobre a cabeça das pessoas em todo o mundo, todos os dias“, e que os americanos “deviam pensar nisso“.
Mas, e se tivéssemos uma inundação de Timothy McVeighs, todos psicologicamente corrompidos da mesma forma e possuindo as mesmas simpatias e intenções; no mínimo muitos milhares deles e, muito provavelmente, dezenas de milhares? Em Xinjiang, um punhado relativamente pequeno dos membros deste grupo cometeu crimes de violência chocante, mas tinhamos inúmeros milhares que, realisticamente, tinham a mentalidade e o potencial para continuar esta série de acontecimentos violentos.
Como é que lidamos com isto? Sabemos que todos os fusíveis estão acesos. Sabemos que as emoções estão gravemente inflamadas, que as intenções violentas são reais, que a racionalidade e a razão já não estão a funcionar como forças de orientação restritivas. Esperamos simplesmente que as bombas expludam e depois caçamos o homem com os fósforos? Se seguirmos este caminho, a violência nunca mais acabará. Seremos eternamente confrontados com ataques terroristas violentos, com mortes aleatórias e com a destruição potencial de uma civilização.
Pensem na Irlanda do Norte há algumas décadas, onde parecia que a maioria da população existia deste modo, de um lado da cerca ou do outro. Lembro-me de ver uma entrevista na televisão onde uma mulher, visivelmente distinta e inteligente, dizer francamente a um repórter de noiícias que mataria o seu próprio marido se descobrisse que ele tinha simpatias secretas pelos britânicos. Isto foi há muito tempo, mas a Irlanda ainda carrega muitas feridas abertas como talvez carregue durante mais uma ou duas gerações, e isto acontece mesmo sem haver quaisquer outros actos provocadores ou inflamatórios de qualquer um dos lados.
Esta é precisamente a situação em que a China se encontrava em Xinjiang. Gostaria de salientar que Xinjiang tem cinco grupos distintos de uigures, quatro dos cinco sendo bastante normais e o quinto aparentemente predisposto geneticamente a quase qualquer tipo de crime e com uma séria propensão para a violência. Há alguns anos, em Shanghai, sempre que víamos indivíduos especializados em roubar carteiras, nas estações de metro e nos comboios, eram quase inevitavelmente Uigures deste único grupo. E foi este grupo que foi infiltrado pela CIA e pelos seus amigos, e inflamado com as mesmas emoções violentas anti-sistema como aconteceu com McVeigh, com os irlandeses e com tantos outros, em tantos lugares. Estas pessoas foram então transportadas para vários locais da Ásia e do Médio Oriente para serem treinadas como terroristas, regressando depois a Xinjiang para praticar as suas novas capacidades comercializáveis numa população inocente.
Podemos omitir pormenores porque foram registados com precisão por muitos outros, mas o primeiro grande surto de violência foi espantoso na sua veemência e alcance. Vários milhares de Uigurs foram simplesmente lançados para uma onda de violência sem sentido. Mataram centenas de polícias, bombardearam dezenas de edifícios, incendiaram centenas de autocarros e dezenas de automóveis particulares e mataram livremente qualquer pessoa que se atravessasse no seu caminho. Tinham sido claramente bem financiados a partir do exterior e abastecidos com armas, materiais de fabrico de bombas, instruções de utilização que, de maneira nenhuma era possível serem obtidos dentro da China.
Depois da violência ter diminuído e as autoridades chinesas terem conseguido obter algum controlo, conduziram milhares de interrogatórios e buscas nas quais descobriram – e isto eu sei de facto – várias dezenas de milhares do que poderíamos chamar vagamente “manuais Otpor” americanos, essencialmente da mesma filosofia dos que foram criados por Gene Sharp e Robert Helvey no seu Instituto Einstein da Universidade de Harvard e utilizados na destruição planeada da Jugoslávia e de muitos outros países. Mas estes eram de conteúdo profundamente mais perverso, contendo instruções detalhadas não só de desobediência civil mas também de métodos precisos de infligir violência terrorista e assassínios em massa, a torto e a direito.
As autoridades também descobriram dezenas de milhares de DVDs, contendo principalmente propaganda religiosa inflamatória e provocações “anti-China”, bem como enormes esconderijos de armas e explosivos em vários locais de ambos os lados da fronteira de Xinjiang. Isto foi a Irlanda do Norte em Spades, e não foi nada diferente do que aconteceu recentemente em Hong Kong, onde numa universidade (mais uma vez seguindo claramente os manuais de instruções) radicais invadiram os laboratórios de química para fabrico de componentes de bombas e onde a polícia descobriu um esconderijo de mais de 4.000 bombas de gasolina prontas a usar.
Mais uma vez, como lidar com isto? Sabemos que temos várias dezenas de milhares de potenciais Timothy McVeighs com mentes agora tão distorcidas como a sua, e possuindo a mesma propensão alarmante para actos de violência em larga escala.
O governo chinês parece ter avaliado a situação muito claramente, possuindo documentação completa sobre as causas e fontes da agitação e tendo a percepção e apreciação adequadas das consequências futuras. A sua solução, feita silenciosamente, surgiu da decisão de remover permanentemente esta ameaça (agora dentro da China), fechando todas as vias de instigação externa e iniciando um programa de organização social maciço para erradicar os problemas actuais e evitar a sua repetição. Não se tratava simplesmente de destruir armas, manuais e DVDs e aumentar a presença e a vigilância da polícia, mas de erradicar completamente a doença, vacinando a população Uigur de Xinjiang contra a propaganda terrorista estrangeira (e, espera-se, contra os americanos).
Também não se tratou de conduzir interrogatórios e encarcerar muitos milhares de pessoas baseados apenas na suspeita das suas intenções de violência. Este programa foi muito mais contido e perspicaz e parece seguir o molde confuciano. O esforço era triplo: primeiro, esclarecer a população Uigur através de informação e de educação sobre as fontes, métodos e objectivos da doutrinação de inspiração americana baseada na violência, que eles tinham recebido, e assim eliminar os seus efeitos. Em segundo lugar, empreender um esforço maciço para ensinar competências profissionais e outras, como um meio de redireccionar a energia psíquica acumulada, para fins tanto pessoalmente úteis como socialmente benéficos.
E terceiro, proporcionar formação linguística em chinês mandarim para ajudar a remover o isolamento natural dos Uigures que não eram fluentes em chinês e não podiam, de facto, falar a língua principal do seu próprio país. Os meios de comunicação social ocidentais apressaram-se a deturpar este último assunto, apelidando-o de “genocídio cultural”, quando, obviamente, não é o caso. Se um americano aprender a falar espanhol, de que forma é que isso se qualifica como um genocídio cultural? Uma pessoa está simplesmente a aprender uma segunda língua. A primeira língua – o inglês – não desaparece, nem poderia desaparecer. Nada é destruído, mas ganha-se algo complementar.
Para facilitar estes esforços, foram construídos locais em larga escala como alojamentos temporários e instituições educacionais. Não são, de modo algum, prisões ou campos de concentração como os meios de comunicação ocidentais gostam tanto de descrever, mas simplesmente instalações necessárias para realizar as tarefas em questão. As pessoas chegam e vão embora, recebendo informação e instrução em vários momentos e a vários níveis, conforme for necessário.
O programa tem sido um sucesso notável. Não tem havido mais violência há muitos anos, em Xinjiang. Não há uma polícia ou força militar esmagadora a policiar a província, que leva uma vida tão normal quanto possível, atendendo às circunstâncias. Devo notar que, por agora, as viagens de estrangeiros a Xinjiang ainda são restritas e devem ser feitas com permissão do governo. As necessidades são várias e devem ser claras para qualquer pessoa que pense fazê-lo. De tudo que tenho conhecimento, o governo chinês demonstrou uma sabedoria extraordinária, quase como Confúcio, ao lidar com esta intervenção estrangeira maciça e vejo pouco que se possa criticar.
O governo chinês convidou representantes de todo o mundo a virem a Xinjiang para ver, em primeira mão, estes denominados “campos” e para apreenderem toda a extensão e detalhes do esforço para erradicar o terrorismo de iniciativa estrangeira, do solo da China. É interessante verificar que os 60 ou 70 países que participaram nestas extensas sessões de informação, eram os que já tinham conhecido intimamente o estilo americano de democracia por terrorismo ou que receavam estar na lista de candidatos. Tanto quanto sei, nenhuma nação ocidental aceitou estes convites, pelo contrário, preferiram enviar os seus designados repórteres em missões subreptícias a Xinjiang, evitando tanto as autoridades chinesas como as leis chinesas, na tentativa de procurar grunhidos descontentes para reforçar a sua vitória propagandística da China, a deter “milhões de Uigures” em campos de concentração brutais.
Diria ainda que estou espantado com a ignorância e com o silêncio das populações ocidentais que devem conhecer ou pelo menos suspeitar fortemente, da ‘Mão Negra’ americana por trás da agitação em Xinjiang, Tibete e Hong Kong, pois tudo faz parte de um plano americano e ocidental, a longo prazo, de firme determinação por parte de um punhado relativamente pequeno de pessoas para destruir a China por todos os meios. Estes programas tão cuidadosamente planeados de terrorismo e violência não são acontecimentos isolados mas sim parte de algo muito maior que inclui o enorme surto de violência semelhante no Tibete em 2008 (o presente dos Estados Unidos à China por ter efectuado os Jogos Olímpicos), outros surtos de violência nas áreas étnicas das províncias chinesas de Yunnan e Sichuan, a explosão de um automóvel na Praça Tiananmen há vários anos, e muito mais desde, pelo menos, os anos 80.
Inclui também a guerra comercial de Trump, o ataque à Huawei e a detenção da Sra. Meng, as interferências nos mares do Sul da China, o denominado Pivot para a Ásia e o seu programa “Blue Dot“, que em breve será abortado. A razão, para além dos óbvios danos para a civilização chinesa, é que se a China tiver de gastar toda a sua energia e tempo em terrorismo interno, ameaças militares externas e perturbações económicas estrangeiras, não terá tempo para construir mais caminhos-de-ferro de alta velocidade ou alargar a sua iniciativa “Belt and Road“.
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A obra completa do Snr. Romanoff está traduzida em 32 idiomas e postada em mais de 150 sites de notícias e de política de origem estrangeira, em mais de 30 países, bem como em mais de 100 plataformas em inglês. Larry Romanoff, consultor administrativo e empresário aposentado, exerceu cargos executivos de responsabilidade em empresas de consultoria internacionais e foi detentor de uma empresa internacional de importação e exportação. Exerceu o cargo de Professor Visitante da Universidade Fudan de Shanghai, ministrando casos de estudo sobre assuntos internacionais a turmas avançadas de EMBA. O Snr. Romanoff reside em Shanghai e, de momento, está a escrever uma série de dez livros relacionados com a China e com o Ocidente. Contribuiu para a nova antologia de Cynthia McKinney, ‘When China Sneezes’ com o segundo capítulo, “Lidar com Demónios”.
O seu arquivo completo pode ser consultado em
https://www.moonofshanghai.com/ e
https://www.bluemoonofshanghai.com/
Pode ser contactado através do email: 2186604556@qq.com
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Este artigo foi traduzido em exlusivo e apareceu pela primeira vez na página PT do PRAVDA
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Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
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