Praça Tiananmen: O Fracasso de uma Revolução Colorida Instigada pelos Americanos, em 1989
Pequim: 04 de Junho de 1989
Por LARRY ROMANOFF
CHINESE ENGLISH PORTUGUESE ROMANIAN SPANISH
Existem poucos lugares na China, que pareçam mais gravados a fogo na consciência dos ocidentais típicos do que a Praça Tiananmen e há poucos acontecimentos mais mencionados habitualmente, do que os protestos estudantis de 1989. Mas os relatos estão errados a vários níveis. Nunca foi relatado na comunicação mediática ocidental que houve dois acontecimentos separados que ocorreram em Pequim, em 4 de Junho de 1989. Um deles, foi um protesto estudantil de vários milhares de estudantes universitários, que culminou numa manifestação na Praça Tiananmen, que durou vários semanas e terminou, finalmente, em 4 de Junho. O outro foi uma greve operária de um dia, que aconteceu (talvez não por acaso) também em 4 de Junho, quando um grupo de trabalhadores insatisfeitos com a sua situação, organizou um protesto independentemente dos estudantes e num local diferente. Por motivos que se tornarão evidentes, o protesto dos trabalhadores é o ponto central necessário para a compreensão dos acontecimentos daquela data, por conseguinte, vou começar por aí.
A Revolta dos Trabalhadores
Um grupo de trabalhadores reuniu-se e barricou várias ruas em Muxidi, uma área de Pequim, a cinco ou seis quilómetros da Praça Tiananmen, tendo comparecido nas barricadas várias centenas de trabalhadores, na maioria adultos, e um número indeterminado de alguns jovens. No entanto, estava presente um terceiro grupo bastante grande que, tanto quanto sei, nunca foi claramente identificado, embora seja óbvio pelas fotos que não eram trabalhadores e, muito menos, jovens estudantes. (1) Designá-los como bandidos ou anarquistas pode ser um adjectivo apropriado, mas os factos parecem apoiar a conclusão (e meu próprio julgamento pessoal) de que eram mercenários. (2)
Corpo de um soldado chinês, linchado e queimado, pendurado num edifício junto à Praça Tiananmen. Fonte/Source
O governo enviou autocarros cheios de soldados, acompanhados de alguns APCs (veículos de combate blindados) para limpar as barricadas e reabrir as ruas ao trânsito. (3) A violência começou quando esse terceiro grupo atacou os jovens que tentavam limpar as barricadas. Estavam bem preparados, armados com, pelo menos, centenas ou talvez milhares de bombas de gasolina e incendiaram, imediatamente, dezenas de autocarros e os poucos veículos de combate blindados – com os soldados ainda dentro deles.
Muitos soldados em ambos os tipos de veículos escaparam, mas outros não e muitos morreram queimados. São inúmeras as fotos de soldados mortos queimados, alguns pendurados pelos bandidos nos postes de iluminação pública, outros deitados na rua ou nas escadas ou calçadas onde morreram, outros pendurados nas janelas dos autocarros ou dos veículos blindados de combate, tendo escapado apenas parcialmente antes de serem envolvidos pelas chamas. Existem relatórios documentados e fotos que mostram que o grupo de bandidos conseguiu obter o controlo de um APC/veículo de combate blindado e dirigiu-o pelas ruas enquanto disparava as metralhadoras da torre. (4) Só então é que o governo enviou soldados armados e equipamento militar.
No exterior de um autocarro, o corpo de um soldado queimado até à morte pelos desordeiros. Fonte
Os relatórios do governo e do pessoal da comunicação mediática independente afirmam, de um modo geral, um total de 250 a 300 mortes de civis antes da violência diminuir, mas já havia sido morto um número aproximado de soldados. Quando os polícias ou os militares são atacados desta maneira, é claro que irão usar a força para se defender e não podem ser censurados por esse motivo. Se o leitor ou eu, estívessemos encarregados do comando militar desse acontecimento, teríamos feito o mesmo ao ver os nossos homens a serem atacados e queimados até morrerem. De tudo o que sei, não consigo encontrar nenhuma falha até aqui.
Aqui está o relato de uma testemunha ocular de alguém que estava lá, um excerto do livro ‘Lua de Tiananmen’: (5)
“Havia um novo elemento que ainda não me tinha apercebido antes, jovens punks que, de maneira nenhuma, tinham a aparência de ser estudantes. Em vez de usarem faixas à volta da cabeça e camisas autografadas com distintivos universitários, usavam roupas baratas de poliéster mal ajustadas e blusões soltos. Debaixo das nossas luzes, com os olhos a brilhar de malícia, eles mostraram, descaradamente, ‘coquetéis molotov’ escondidos. Quem eram esses punks de shorts e sandálias, que transportavam bombas de gasolina? A gasolina está fortemente racionada, por isso, não poderiam ter surgido espontaneamente, com essas coisas. Quem os ensinou a fazer essas bombas com garrafas e a quem se destinavam esses dispositivos incendiários?
Alguém gritou que outro APC estava a vir na nossa direcção. O meu ritmo cardíaco acelerou quando me aproximei do veículo parado, infectado pela alegria tóxica da multidão, mas então contive-me. Por que é que me estava a meter em sarilhos? Porque os outros estavam? Diminuí a velocidade para um batimento cardíaco mais suave, no rasto de um rebanho estrondoso dominado pelo comportamento de massa. Opondo-me a esse comportamento, parei de correr. Alguém lançou um ‘cocktail Molotov’, incendiando o APC. As chamas espalharam-se rapidamente por cima do veículo e alastraram pelo pavimento. Pensei, ainda está alguém lá dentro, não é só uma máquina! Deve haver pessoas lá dentro.
Para me proteger, alguém puxou-me para me juntar a um punhado de estudantes com faixas na cabeça que procuravam exercer algum controlo. Gastando o pouco capital moral que a sua camisa saturada de greve da fome ainda exercia, ele falou a favor do soldado. “Deixem o homem sair”, gritou. “Ajudem o soldado, ajudem-no a sair!” A turba agitada não estava em sintonia para agir com misericórdia. Vozes enraivecidas e de gelar o sangue ricochetearam ao nosso redor. “Matem o filho da puta!” disse um. Então outra voz, ainda mais assustadora do que a primeira, gritou: “Ele não é humano, ele é uma coisa.” “Matem-no, matem-no!” gritaram os espectadores, estando agora o entusiasmo sangrento a subir para um tom agudo. “Parem! Não lhe façam mal!” implorou Meng, deixando-me para trás, enquanto tentava argumentar com os vigilantes. “Parem, ele é apenas um soldado!” “Ele não é humano, matem-no, matem-no!” disse uma voz. “Volta, volta!” gritou alguém a plenos pulmões. “Deixem-no em paz, os soldados não são nossos inimigos!” Depois dos corpos flácidos dos soldados serem colocados numa ambulância, os bandidos atacaram essa mesma ambulância, quase arrancando as portas traseiras na tentativa de retirar o soldado queimado e acabar com ele. Depois, os corpos carbonizados dos soldados foram pendurados num poste de luz e foi retirada do APC uma grande quantidade de munições.” (6)
Outro soldado morreu queimado, pendurado por um cabo no autocarro incendiado. Source
Excerto de um relatório do governo sobre o motim dos trabalhadores:
“Os manifestantes bloquearam os veículos militares e outros, antes de os esmagarem e queimarem. Eles também apreenderam armas, rádios receptores/transmissores portáteis (walkie-talkies). Vários manifestantes apoderaram-se de um carro blindado e dispararam as suas armas enquanto o conduziam pela rua. Os manifestantes também atacaram instalações civis e edifícios públicos. Vários manifestantes chegaram a conduzir um autocarro público carregado com bidões de gasolina em direcção à torre de Tiananmen na tentativa de lançar-lhe fogo. Quando um veículo militar ficou repentinamente avariado na Avenida Chang’An, os manifestantes cercaram-no e esmagaram o motorista com tijolos. Os manifestantes espancaram e mataram violentamente muitos soldados e oficiais. Em Chongwenmen, um soldado foi lançado para baixo do viaduto e queimado vivo. Em Fuchengmen, o corpo de um soldado foi pendurado de cabeça para baixo na balaustrada do viaduto, depois de ter sido morto. Perto de um cinema, um polícia foi espancado até à morte e o seu corpo pendurado num autocarro em chamas.
Foram queimados ou danificados na rebelião, mais de 1.280 veículos incluindo mais de 1.000 camiões militares, mais de 60 carros blindados, mais de 30 carros da polícia, mais de 120 autocarros públicos e tróleis e mais de 70 veículos motorizados de outros tipos. As tropas da lei marcial, sofreram pesadas baixas antes de serem forçadas a atirar para o ar, a fim de abrir caminho. Durante o contra-ataque, alguns manifestantes foram mortos, alguns espectadores foram atingidos por balas perdidas e alguns foram feridos ou mortos por rufiões armados. De acordo com estatísticas confiáveis, mais de 3.000 civis foram feridos e mais de 200, incluindo 36 estudantes universitários, foram mortos. Mais de 6.000 polícias e soldados também ficaram feridos e muitos deles mortos.” (Telegramas da Embaixada dos Estados Unidos em Pequim confirmaram os fundamentos deste relatório, bem como as estimativas das vítimas). (4)
Embora as provas directas conclusivas, ainda sejam escassas, parece ser uma certeza que a revolta teve considerável ajuda externa. Além de ter acontecido num momento curioso, há muitas provas da preparação antecipada para a violência e do fornecimento do armamento utilizado. A gasolina estava fortemente racionada nessa época e a quatidade necessária para este acontecimento não estava disponível. A organização ‘Mão Negra’ estabeleceu as linhas de abastecimento e forneceu as instruções para o fabrico e uso das bombas de gasolina que eram praticamente inéditas na China, antes dessa altura.
Também há muitos indícios de incitamento externo de um terceiro grupo ainda não identificado, cujas acções violentas de forma alguma representaram o sentimento do público que estava presente. A enormidade da violência desencadeada em Muxidi requer uma considerável programação emocional anterior e não poderia ter-se originado espontaneamente, a partir de uma simples greve de trabalhadores, é praticamente uma garantia da interferência externa. Os cidadãos insatisfeitos de qualquer país podem desfilar e protestar contra queixas reais ou imaginárias, mas queimar jovens soldados até matá-los e amarrar os seus corpos carbonizados em postes de luz não são actos de estudantes ingénuos que desejam a “democracia” ou de trabalhadores a protestar contra um contrato social inadequado. (7) São, quase sempre, o resultado de uma enorme incitação programada vinda dos bastidores, geralmente direccionada para uma mudança de regime.
O Protesto dos Estudantes
Em resumo, os alunos reuniram-se na Praça e esperaram pela oportunidade de apresentar várias petições ligadas à política social, à corrupção percebida, ao idealismo, na verdade as mesmas coisas que nós, quando éramos estudantes, tínhamos na nossa lista de mudanças que queríamos fazer ao mundo. Como o governo não respondeu de imediato, os estudantes acamparam na praça e esperaram. As autoridades do governo mantiveram conversações com os estudantes durante várias semanas e, finalmente, estabeleceram o prazo final de 4 de Junho para a evacuação da Praça. No dia anterior, foram enviados soldados para a Praça, mas estavam desarmados e carregavam apenas cassetetes. Segundo todos os relatos, não havia animosidade entre os estudantes e os soldados. Nenhum deles tinha uma disputa filosófica com o outro, nem se viam como inimigos. De facto, fotos e relatórios mostram os estudantes a proteger os soldados dos espectadores furiosos.
Foram levados a cabo debates entre os estudantes e os soldados em momentos repetidos ao anoitecer e durante a noite. Quase todos os estudantes foram persuadidos a deixar a Praça durante a noite, e o pequeno grupo que permaneceu, partiu durante a madrugada. Na manhã seguinte, entraram na Praça tanques e escavadeiras destruindo todas as barracas e o lixo que se amontoara nas três semanas anteriores, empurrando o lixo para pilhas enormes e incendiando-as. Esta foi a origem aparente das alegações de que “milhares de estudantes” foram esmagados por tanques que fluíam pela Praça, mas, de facto, era só a equipa da limpeza e os estudantes já tinham ido embora, quando as escavadeiras e as máquinas pesadas chegaram. Há provas documentadas esmagadoras de uma infinidade de fontes confiáveis (12) [8-15] [9] [12] [13] [13a] [13b] [13c] [14][15] de que nenhuma violência ocorreu na Praça, de que nenhum estudante foi morto e de que nunca houve qualquer “Massacre da Praça Tiananmen”. Aparentemente, foram ouvidos tiros à distância, mas os poucos relatos de tiros no interior da própria Praça foram rapidamente ignorados e, como mencionado acima, os soldados na Praça não estavam armados. (16)
A ‘Mão Negra’ Sempre Presente
Parece plausível que o movimento estudantil na China, durante o final da década de 1980 possa, na sua origem, ter sido gerado espontaneamente, mas não faltam provas de que todo o movimento foi rapidamente piratiado por agências do governo dos Estados Unidos muito antes dos estudantes se reunirem na Praça Tiananmen. Demorou algum tempo a abrir as portas trancadas e a descobrir os detalhes, mas já não se discute que os dirigentes do movimento estudantil da China foram treinados em Hong Kong e Guangdong pelo Coronel Robert Helvey, oficial da Agência de Inteligência da Defesa do Pentágono, que passou 30 anos instigando revoluções em toda a Ásia, em nome dos militares e da CIA. (17)
Há poucos motivos para questionar a afirmação de que grande parte da política externa dos EUA de então, como hoje, residia nas tentativas de desestabilizar a China e talvez, de instigar uma revolução maciça que abriria as portas à influência e ao controlo dos EUA. Hoje, está cada vez mais claro que o movimento estudantil, em 1989, foi uma parte importante dessa estratégia, orquestrada pelo Departamento de Estado dos EUA com a aprovação total do então Presidente George Bush. (18)
Eu moro na China e fui durante muitos anos o editor de uma ‘newsletter’ largamente lida, que me deu acesso confiável a cerca de 2.500 executivos empresariais de nível médio e alto que eram estudantes universitários na China durante o período em questão, muitos dos quais estavam envolvidos no movimento estudantil, e muitos dos quais estavam na Praça Tiananmen. Falei longamente com muitos deles sobre o movimento estudantil e os acontecimentos da época. Além de confirmar as minhas observações e conclusões, os seus comentários e testemunhos sugerem fortemente que a própria ideia de um confronto em massa com o governo e a escolha da Praça Tiananmen como local não teve origem da parte dos estudantes, mas foram orquestrados “a partir de algum lugar, no estrangeiro”.
É necessário compreender que o movimento estudantil na China em 1989 não era, categoricamente, um “movimento pró-democracia”. Na origem, o protesto estudantil era principalmente, um movimento cívico pragmático e, em segundo lugar, cultural chinês. Os estudantes viam-se como manifestantes intelectuais e não como activistas políticos, sem pensar que o seu governo replicasse a estrutura política do Ocidente. Das minhas conversas com muitos dos meus ex-alunos, as referências à “democracia” foram-lhes impostas pelos manipuladores da CIA como sendo o melhor método de realizar os seus fins práticos e culturais. E esses fins culturais não eram necessariamente muito profundos. Wu’er Kaixi, um dos dirigentes estudantis, respondeu às perguntas sobre sua participação dizendo (por palavras diferentes) “Porque queríamos usar roupas de marcas ocidentais e levar as nossas namoradas aos bares como fazem os americanos.”
Muitos dos estudantes com quem conversei, principalmente aqueles que realmente estiveram presentes na Praça, contaram-me sobre os suprimentos que lhes foram fornecidos por várias fontes do governo dos Estados Unidos. Mencionaram especialmente as incontáveis centenas de fogões de acampamento Coleman – que na época eram muito caros para os estudantes da China adquirirem, e muitos comentaram sobre as linhas bem estabelecidas desses e de outros artigos. Juntamente com os suprimentos dos estudantes havia manuais, instruções, treino, estratégia e tácticas e a retórica pacientemente inflamada das transmissões da Voice Of America (VOA), de Hong Kong. Não é possível contestar sensivelmente a afirmação de que os mestres-cabecilhas eram americanos.
De acordo com um relatório do governo, muitos americanos estavam encarregados da organização e do controlo cuidadoso dos dirigentes estudantis, violando os decretos da lei marcial, na época, em certas partes de Pequim. John Pomfret, agora do Washington Post, era na época um correspondente da AP em Pequim e um importante canal de informações conduzida para os dirigentes, e Alain Pessin, um correspondente da VOA em Pequim, que violou as restrições pela sua cobertura de notícias ilegal da VOA, e despachou, repetidamente, relatórios distorcidos, espalhando falsos rumores e encorajando a rebelião e a violência entre os estudantes. (19)
John Promfet
Alan Pessin
O que Realmente Aconteceu na Praça Tiananmen, Há 25 anos
A maioria dos estudantes universitários daquela época falar-lhe-á sobre a influência da VOA e o quadro que ela pintava sobre “a liberdade e a democracia”. Eles contam como escutavam as emissões da Voice Of America nos seus dormitórios até altas horas da noite, construindo na sua imaginação um mundo feliz de liberdade e luz. A Voice of América (Voz da América):
“A fonte mais confiável de notícias e informações dos Estados Unidos e de todo o mundo.”
também confirmam que a VOA estava a transmitir durante 24 horas por dia para os estudantes, a partir da sua estação de Hong Kong, durante as semanas do protesto na Praça Tiananmen, oferecendo encorajamento instigador e dando conselhos sobre estratégia e tácticas.
Um dos participantes originais dos protestos dos estudantes escreveu o seguinte:
“Acalmámo-nos e continuamos com os nossos estudos. Namoramos, encontramo-nos com os nossos entes queridos e muitos procuraram viajar para o estrangeiro. Quando nos formamos, quase que não havia discussão sobre o movimento estudantil e já não escutávamos mais a VOA. Algo em que fiquei a pensar foi no papel da VOA. Muitos estudantes tornaram-se fãs da rádio antes, durante e logo após o movimento estudantil. Mesmo quando estávamos na praça, muitos estudantes ouviam os seus programas como se só eles pudessem contar-nos o que estava a acontecer. Recordo-me que numa fase. . . percebi o quão estúpido eu era. . . ”
Outro estudante fez estes comentários:
“Mas era verdade que o movimento estudantil de 1989 estava a ser manipulado por alguém, não era? Os estudantes não tinham nada mais do que emoções e um conhecimento superficial da política. Começamos só por exigir a limpeza da corrupção por parte dos funcionários, mas os slogans foram de alguma forma transformados em “exigir a democracia”.
Há uma enorme diferença nas implicações políticas entre essas duas classes de exigências. Então, o que era democracia? Que tipo de democracia era praticada no Ocidente? Que tipo de democracia se encaixaria na China? Francamente, eu (nós) não tinhamos ideia. Por outras palavras, eu não sabia realmente o que queria. Senti, simplesmente, esse … impulso de ir para a rua e gritar slogans. Era como se eu participasse apenas por participar e me emocionasse com o simples facto de vivenciar um movimento estudantil. E depois as coisas ficaram fora de controlo. Mas devido aos dirigentes estudantis se recusarem a mudar de postura, os estudantes não recuaram. Então tudo se arrastou. No entanto, aconteceu um milagre, de alguma maneira esses ’dirigentes’ conseguiram escapar ilesos. Durante muitos anos, desde 1989, tinha tido relutância em aceitar como eu e os outros estudantes éramos, na verdade tão estúpidos e ingénuos e que, realmente, fomos manipulados por outros nos bastidores”.
A percepção no Ocidente, e também na China, foi sempre de que a reunião dos estudantes na Praça Tiananmen era espontânea, idealista e, acima de tudo, pacífica. Pode ter sido idealista na sua origem, mas não foi de forma alguma espontânea e, em Maio e Junho, a passividade implícita estava a chegar ao fim rapidamente. Em 1995, dois cineastas americanos do Longbow Group, o Dr. Carma Hinton e Richard Gordon, divulgaram um documentário agora famoso, sobre a Praça Tiananmen intitulado “The Gate of Heavenly Peace”. (20) Chai Ling, a autoproclamada “Comandante Suprema” dos estudantes de Tiananmen, interpôs, durante anos, acções judiciais contra a produtora de filmes (21), principalmente porque o documentário incluía um vídeo incriminador datado de 28 de Maio de 1989, dela numa entrevista com o jornalista americano, Philip Cunningham:
“Os estudantes perguntavam: ‘O que devemos fazer a seguir? O que é que podemos concretizar? ‘Estou tão triste, porque como é que lhes posso dizer que, o que realmente esperamos, é que haja derramamento de sangue, no momento em que o governo não tenha outra escolha a não ser massacrar descaradamente o povo (ou seja, os estudantes: Ed.) . Somente quando a Praça estiver inundada de sangue, é que o povo da China abrirá os olhos. Só então é que eles estarão realmente unidos. Mas como posso explicar isto aos meus colegas? Não posso dizer tudo isto aos meus colegas estudantes. Não posso dizer-lhes, directamente, que devemos usar o nosso sangue e as nossas vidas para induzir o povo revoltar-se. Claro, que os estudantes estarão dispostos a fazê-lo. Mas eles ainda são crianças tão pequenas! E o que é realmente triste é que alguns estudantes e pessoas famosas e bem relacionadas, estão a trabalhar afincadamente para ajudar o governo, para impedi-lo de tomar tais medidas. Por causa dos seus interesses egoístas e dos seus negócios privados, eles estão a tentar fazer com que nosso movimento se desmorone e nos tire da Praça antes que o governo fique tão desesperado que entre em acção”.
Se isto não estiver claro, Chai Ling está a declarar abertamente a sua intenção de induzir o governo a concretizar uma solução militar violenta, enchendo a Praça Tiananmen com o sangue dos estudantes – com o propósito expresso de “unir o povo” para incitar uma revolução política generalizada. Então lamenta que
(1) ela não possa revelar aos estudantes que as suas vidas devem ser sacrificadas por essa causa, e
(2) “o que é realmente triste” é que algumas pessoas, “devido aos seus interesses egoístas” estejam a procurar evitar o derramamento de sangue, impedindo o governo de recorrer a medidas violentas, e a esforçar-se por dispersar os protestos estudantis antes de se tornarem violentos.
Então Cunningham perguntou:
“Vai ficar na Praça sozinha?” “Não, não vou.” “Por quê?” Chai respondeu: “Porque a minha situação é diferente. Eu quero viver. . . . Acredito que outros devem continuar o trabalho que comecei. Um movimento pela democracia não pode ser bem sucedido só com uma pessoa!” E, finalmente, “Eu também posso dizer – vocês, os chineses, não valem a minha luta! Não valem o meu sacrifício! ”
No vídeo há uma referência indiscutível do sangue-frio dos americanos ao dirigir os protestos estudantis, uma confissão literal de Chai Ling de que, depois dos estudantes já terem votado para acabar com o protesto e saírem da Praça, os seus mentores de Hong Kong ainda a pressionaram para que os estudantes permanecessem na Praça e continuassem a agitar até provocarem o derramamento de sangue, encorajando-os a sacrificar as suas vidas como sendo a única maneira de atrair a atenção e simpatia do mundo que de alguma maneira se tinha tornado cruciais para a sua causa. As transcrições e o vídeo de toda a entrevista, juntamente com os comentários dos leitores, estão disponíveis online. (22)
O plano americano era incitar os estudantes não só a irritar, mas eventualmente a enfurecer o governo chinês, suficientemente, a fim de provocar uma repressão violenta contra eles, na expectativa de que esse acontecimento provocaria na população em geral, uma ‘revolução colorida’, que resultaria na queda do governo e no colapso da China. De acordo com este plano, os estudantes foram pressionados para começar a exigir a “democracia”, rapidamente seguida por exigências insistentes e intratáveis de que o governo se demitisse. Como parte do processo, foram dados pormenores aos estudantes para a construção, na Praça, de uma enorme estátua de papel machê da “deusa da democracia”. Num resumo dos serviços secretos preparado para o então Secretário de Estado, James A. Baker, datado de 2 de Junho de 1989, foi salientada a esperança de que a estátua “irritaria os dirigentes máximos e provocaria uma resposta”, declarando que os estudantes (ou, de facto, mais provavelmente, o governo dos EUA) esperavam que a construção da estátua provocasse “uma reação exagerada das autoridades (e) trouxesse uma nova vida ao seu movimento em declínio”. (23) Em todos os casos e em todos os países, os estudantes e os jovens são aliciados para uma tentativa americana de mudança de regime. Os ocidentais podem não perceber facilmente que Pequim, em 1989, não era diferente em nenhum aspecto material.
Depois do governo declarar a lei marcial, os mestres-fantoches americanos de Chai Ling escalaram, rapidamente, a ofensiva, fazendo-a distribuir panfletos incitando à rebelião armada contra o governo, incitando os estudantes e o público em geral a “organizar milicias armadas e a opor-se ao Partido Comunista e ao governo”, indo ao ponto de fazer uma lista com os nomes dos funcionários do governo que planeavam matar, incentivando os estudantes a obter armas para esse efeito. Ela afirmou que eles nunca cederiam e “lutariam até ao fim” com o governo a planear até ao final, provocar um incidente sangrento na Praça Tiananmen.
A China foi poupada de uma catástrofe nacional principalmente pela postura paciente e não ameaçadora do governo, que serviu para amortecer a retórica inflamada que surgia da Voice Of America e dos seus manipuladores em Pequim, e o desejo de derramamento de sangue dos manipuladores que permaneciam em Hong Kong. O resultado foi que, ao aproximar-se o prazo para a evacuação da Praça, os estudantes abandonaram a sua “Comandante Suprema” e concordaram em partir em paz, o que significa que o tempo dos americanos tinha simplesmente acabado. A minha sensação é que a China estava protegida pela Providência, porque o espectro da violência e do derramamento de sangue pode ter realmente estado muito próximo. (24)
Tinham sido planos complicados com antecedência para tirar os dirigentes estudantis da China quando começasse o esperado derramamento de sangue. A Operação Yellowbird (25) foi um esquema da CIA, com sede em Hong Kong, para ajudar os dirigentes dos protestos estudantis e da violência em Muxidi a escapar da prisão, sob a protecção diplomática da Embaixada Americana, oferecendo asilo político, com a emissão antecipada de passaportes dos Estados Unidos, e organizando a sua fuga da China. A CIA foi fundamental neste processo, mas também estiveram envolvidos o MI6 do Reino Unido e as agências de serviços secretos francesas. Quando os protestos fracassaram e os estudantes dispersaram, os dirigentes principais fugiram primeiro para Hong Kong e depois para os Estados Unidos. (26) Alguns dos dirigentes da violência em Muxidi foram ajudados a fugir, enquanto outros foram albergados na embaixada americana em Pequim e os americanos recusaram entregá-los às autoridades chinesas. (27)
Como também, devido aos seus esforços para destruir o seu próprio país, esses dirigentes estudantis foram generosamente recompensados pelos americanos com diplomas universitários de prestígio, bons empregos e salários da CIA para continuarem a incitar a instabilidade política na China. Chai Ling recebeu um diploma honorário em ciências políticas da Universidade de Princeton e um emprego na consultoria de gestão da Bain & Co., além de ser chefe assalariada de uma ONG criada especialmente para ela e com a tarefa de condenar a política do filho único, vigente na época, na China. Wu’er Kaixi, que na verdade era um Uigur problemático e instável chamado Uerkesh Daolet, foi recompensado com um passe grátis para a Universidade de Harvard. Liu Xiaobo permaneceu na China com uma bolsa da CIA de 30.000 dólares por ano, com a tarefa de irritar o governo chinês sob a orientação do Departamento de Estado dos EUA.
O caminho a seguir
Os americanos foram bem sucedidos, talvez para além das suas expectativas mais loucas, com a violência inflamada em Muxidi, mas falharam miseravelmente no seu esforço principal, que foi a provocação do derramamento de sangue na Praça Tiananmen, que oferecia o prémio concebível de uma revolução e a queda do governo.
O problema mais imediato enfrentado pelo Departamento de Estado dos EUA foi que o seu êxito em Muxidi não foi uma vitória particularmente útil do ponto de vista político, uma vez que não tinha valor de propaganda a longo prazo. Ninguém no Ocidente, especialmente ao ver as fotos da carnificina produzida, teria muita simpatia por uma revolta dos trabalhadores de um país distante, e teria deixado de ser notícia demtro de um ou dois dias. O que os americanos queriam e precisavam desesperadamente, o prémio que eles esperavam, eram fotos de corpos de estudantes mortos e sangue de estudantes nas ruas, uma vez que essas imagens atraem infalivelmente a condenação universal. Mas, com a resolução pacífica na Praça Tiananmen, elas não existiam, então reuniram as fotos da carnificina e dos cadáveres de Muxidi e apresentaram-nas ao mundo como sendo a prova de um massacre de estudantes na Praça Tiananmen levado a cabo pelo governo chinês, uma história totalmente fabricada.
No momento em que os estudantes votaram a favor da evacuação da Praça e mesmo antes da violência em Muxidi ter diminuído, os planos já estavam bem definidos para mais do que a evacuação dos dirigentes estudantis. A comunicação mediática ocidental de todos os países, sem excepção, publicou imediatamente afirmações e fotos idênticas, omitindo consistentemente todas as provas contraditórias. Cada fotógrafo que tirou fotos em Muxidi sabia onde as tirou e ele e os editores da comunicação mediática sabiam muito bem que essas fotos não foram tiradas na Praça Tiananmen. Não é possível que mais de 200 editores de jornais e mais de 100 gerentes de notícias de emissoras de TV em mais de 30 países, tenham legendado erradamente as mesmas fotos da mesma maneira, por descuido ou por acidente. Por esse motivo é que a comunicação mediática ocidental suprimiu inteiramente os factos da violência em Muxidi e recusou unanimemente publicar as fotos dos soldados queimados e pendurados em postes de luz. Eles precisavam de factos e fotos para a história já planeada do “Massacre dos Estudantes na Praça da Paz Celestial”.
Já passaram 30 anos desde os protestos estudantis de 4 de Junho de 1989, na Praça Tiananmen. Apesar de toda a documentação categórica provando que nunca houve um massacre de estudantes na China, o governo dos Estados Unidos e os seus dirigentes recusam abrir mão do seu prémio devido ao valor poderoso da propaganda política, tendo permitido ao Ocidente durante décadas, definir a China como sendo “ governada pelas botas, pelas armas e pelo policiamento do pensamento”. Esta foi sem dúvida uma das maiores vitórias de propaganda da História, transformando uma revolução colorida patrocinada pelo Departamento de Estado dos EUA, embora fracassada, num chicote que pode açoitar a China sem parar, durante 30 anos. O sucesso foi tão grande que a comunicação mediática ocidental, liderada pelo New York Times, mas seguida por quase todos, publica em Junho de cada ano, uma espécie de “história de aniversário” para continuar a extraí-la pelo seu valor residual de propaganda. Essa história falsa foi martelada na consciência dos ocidentais durante 30 anos, a ponto de ser quase impossível discutir a Praça Tiananmen devido à enorme bagagem emocional que ela carrega.
Algumas peças que faltavam nessa história começaram a encaixar-se quando, em 2011, o Wikileaks divulgou todos os telegramas enviados a Washington pela Embaixada dos Estados Unidos em Pequim, em 4 de Junho de 1989, confirmando que o movimento estudantil terminou pacificamente e que não houve violência e nenhum massacre de estudantes na Praça Tiananmen e, mais importante, a confirmação de alguns fundamentos importantes da violência em Muxidi. Além do mais, alguns jornalistas internacionais altamente respeitados, bem como equipas de filmagens estrangeiras e alguns diplomatas estrangeiros, que estavam presentes na Praça Tiananmen no momento da dispersão dos estudantes, escreveram livros e artigos testemunhando que a manifestação estudantil terminou pacificamente e que as histórias de um massacre de estudantes na Praça Tiananmen são pura ficção.
Diante desta divulgação de provas, os editores da comunicação mediática ocidental e os colunistas proeminentes estão a tentar prolongar este mito, fabricando uma mentira inteiramente nova, sendo que foram os estudantes que montaram e guarneceram as barricadas em Muxidi, para evitar que os militares continuassem até à Praça Tiananmen, para matar os estudantes nesse local, então o governo chinês massacrou os estudantes em Muxidi. (28) Não há qualquer prova para apoiar estas alegações, e deve ser óbvio a partir da narrativa acima mencionada que elas são falsas em todos os aspectos. (29) (30)
Se houve um massacre em Pequim, em 4 de Junho de 1989, foi em Muxidi, não na Praça Tiananmen, e o massacre foi de soldados, não de estudantes, com todas as provas a indicar que foi arquitectado pelo Departamento de Estado dos EUA e pela CIA. Embora o governo americano deva assumir a culpa por orquestrar estes acontecimentos, a culpa deve ser partilhada, uma vez que os próprios americanos foram fantoches. A conspiração contra a China foi mais ampla e mais profunda do que indiquei aqui.
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Mais informação em:
Larry Romanoff, consultor de administração e empresário aposentado. Ocupou cargos executivos especializados em empresas de consultoria internacionais e era proprietário de uma empresa internacional de importação e exportação. Professor Visitante da Universidade Fudan de Shangai, apresenta estudos de casos em assuntos internacionais a executivos especializados. Romanoff reside em Shanghai e, actualmente, está a escrever uma série de dez livros, relacionados, de um modo geral, com a China e com o Ocidente. Pode ser contactado através do email: 2186604556@qq.com.
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Notas:
(1) Pelas fotos, alguns parecem ser Uigurs de Xinjiang, dos quais existem cinco grupos distintos, quatro sendo eminentemente sociáveis, o último parecendo geneticamente predisposto a quase qualquer tipo de crime.
(2) A produção de uma unidade deste tipo normalmente envolveria treino prévio e pagamento em dinheiro. Uma razão pela qual os consulados dos EUA na China insistem em pagamentos apenas em dinheiro para os pedidos de vistos de cidadãos chineses (1.000 RMB cada) é que esse dinheiro ignora o sistema bancário e está disponível gratuitamente para as Black-Op = ‘operações secretas’, hoje produzindo mais de 800 milhões de RMB por ano que não deixa rasto em papel.
(3) O Exército usado para fins civis é uma operação normal na China quando são necessárias evacuações devido a tufões e inundações, resgates por deslizamentos de terras e terremotos e outras emergências semelhantes. Não se trata de soldados armados em veículos militares, mas simplesmente de homens sob comando, fisicamente aptos e disponíveis em grande número, frequentemente necessários para tais ocasiões. Em Muxidi, eram todos jovens, a maioria aparentemente na casa dos 20 anos, de acordo com as fotos. Não estavam armados e chegaram ao local nos autocarros dos transportes colectivos da cidade.
(4) O Morning Intelligence Summary (Resumo da Inteligência Matinal) de 4 de Junho de 1989, para o Secretário de Estado, James Baker, descreveu a violência em Muxidi e referiu como os civis “enxamearam ao redor dos veículos militares. Os APCs foram incendiados e os manifestantes cercaram as tropas com pedras, garrafas e ‘coquetéis Molotov’.”
(5) Não tenho um link para a disponibilidade deste livro. Acredito que esteja esgotado, mas pode ser obtido por download em sites secundários ou terciários.
(6) Se lermos com atenção, é evidente, até mesmo a partir deste relatório minúsculo, que o terceiro grupo, os ‘mercenários’, não estava a agir em conjunto com os trabalhadores ou com os estudantes, mas era constituído por estranhos desconhecidos agindo contra e acima dos desejos públicos e seguindo a sua própria agenda de violência para a qual tinham vindo preparados e funcionando como uma equipa na carnificina que desencadearam.
(7) O padrão surpreendentemente semelhante de violência descontrolada por parte dos Uigurs de Xinjiang, na China há vários anos, onde bombardearam delegacias de polícia, incendiaram aleatoriamente centenas de carros e autocarros e mataram indiscriminadamente centenas de pessoas (principalmente polícias), não foi, como a comunicação mediática ocidental alegou, rebeliões espontâneas contra a intolerância de Pequim, mas o resultado de um processo deliberado de programação emocional. Depois da rebelião ter sido reprimida, o governo encontrou nas mãos dessas pessoas milhares de manuais “Otpor” fornecidos por estrangeiros, DVDs inflamatórios, instruções sobre o fabrico de bombas e muito mais, tudo claramente parte de um programa planeado. Hoje, os distúrbios em Hong Kong exibem os mesmos padrões.
(8) Uma observação simples de qualquer uma das fotos publicadas que mostram a violência ou o caos permitirá que qualquer pessoa com uma familiaridade passageira com Pequim veja, instantaneamente, que nenhuma dessas fotos foi tirada na Praça Tiananmen. Foi apenas o desconhecimento mundial da China que permitiu ao governo dos Estados Unidos e à comunicação mediática internacional efectuar essa enorme fraude.
(9) Um telegrama enviado em 22 de Junho de 1989 da Embaixada dos Estados Unidos em Pequim ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, em Washington, foi um documento que, nas palavras dos seus autores, “tenta esclarecer os factos” sobre os acontecimentos da noite e da madrugada de 3 para 4 de Junho. Afirma que, ao contrário do que relata a comunicação mediática ocidental, nenhuma morte ocorreu na Praça Tiananmen, mas noutro lugar. Também confirmou as estimativas das vítimas. O conteúdo deste telegrama foi suprimido durante mais de 20 anos até ser divulgado pelo Wikileaks.
(10) Além dos relatos e das crónicas do governo chinês, dos telegramas da Embaixada dos Estados Unidos em Pequim e do depoimento escrito de vários jornalistas e diplomatas respeitados que estiveram presentes na Praça, uma equipa de filmagem da TVE gravou ao vivo um vídeo, que acredito ainda estar disponível, da clareira pacífica da praça. O vídeo nunca foi mostrado, mas excertos do mesmo estão disponíveis no vídeo incluído neste site, bem como a entrevista da pelo chefe da equipa das filmagens da TVE, em espanhol.
(11) O Embaixador espanhol na China, Eugenio Bregolat, esteve presente na Praça com a equipa de filmagem da TVE e escreveu um livro sobre este acontecimento, no qual mostra a sua raiva devido à comunicação mediática ocidental ter fabricado a narrativa do massacre. Os editores dos países de língua inglesa recusam-se, unanimemente, a imprimir uma tradução, e a Amazon recusa-se a publicar o original.
(12) A Columbia Journalism Review conduziu um estudo detalhado, em 1998, e publicou um artigo escrito por Jay Matthews, intitulado“The Myth of Tiananmen And the Price of a Passive Press” = “O Mito de Tiananmen e o Preço de uma Imprensa Passiva”; Columbia Journalism Review; 4 de Junho de 2010; https://archives.cjr.org/behind_the_news/the_myth_of_tiananmen.php?page=all
(13) Em 2009, James Miles, que era o correspondente da BBC em Pequim nessa época, admitiu que “transmitiu a impressão errada” e que “não houve massacre na Praça Tiananmen”, alegando “compreendemos perfeitamente a narrativa principal, mas alguns pormenores estão errados ”.
(14) New York Times, 05 de Junho de 1989. Artigo de Nicholas Kristoff a confirmar o final pacífico do protesto estudantil.
(15) Birth of a Massacre Myth; How the West Manufactured an Event that Never Occurred = O Nascimento do Mito do Massacre; Como o Ocidente Fabricou um Evento que Nunca Ocorreu; Japan Times; Segunda-feira, 21 de Julho de 2008, por Gregory Clark; http://search.japantimes.co.jp/cgi-bin/eo20080721gc.html
(16) “Live Reports” foram publicados por alguns repórteres ocidentais detalhando o que viram das suas janelas do Hotel Pequim, de centenas de estudantes a serem mortos por metralhadoras. Os seus relatórios foram ridicularizados e condenados por outros, que revelaram que a Praça não pode ser vista do Hotel Pequim. Afirmações semelhantes foram feitas por Wu’er Kaixi, o dirigente estudantil Uigur, também desacreditado quando repórteres estrangeiros afirmaram que ele foi visto do outro lado de Pequim na época em que afirmou ter visto esses acontecimentos.
(17) Helvey organizou revoluções estudantis no Vietname e em Mianmar, juntamente com o Otpor! na Sérvia, Kmara! na Geórgia, Pora! na Ucrânia, na “Revolução de Veludo” da Checoslováquia em 1989, espalhando as suaa técnicas em África e na América do Sul. Helvey estava associado à Gene Sharp no Einstein Institute, financiado por George Soros, formado em 1983 como uma ramificação da Universidade de Harvard para se especializar na organização de protestos políticos estudantis como uma forma de guerra colonial dos EUA. Foram Sharp e Helvey que criaram os manuais do Otpor que iniciaram o processo de destruição da Jugoslávia.
(18) Perto do final de Maio de 1989, Wan Li, o Presidente da Comissão Permanente do Congresso Nacional do Povo, estava em Washington para uma reunião com o então Presidente George Bush, na qual Wan levantou a questão do protesto estudantil em Pequim. O registo da reunião está redigido de um modo demasiado denso para ser bem compreendido ou tirar conclusões, mas, após a reunião, Wan interrompeu, abruptamente, a sua visita aos Estados Unidos, voltou para casa e apoiou publicamente a necessidade extrema da declaração prévia do governo sobre a aplicação da lei marcial.
(19) A Voice Of America (VOA) é dirigida pela NED – National Endowment for Democracy – uma empresa de fachada financiada pela CIA que faz grande parte do trabalho sujo dessa agência, não envolvendo assassinato real – embora às vezes também o faça. A Voice Of America é financiada para efectuar as suas actividades públicas pelo Departamento de Estado dos EUA e pela CIA, pela sua participação nas black ops = operações negras.
(20) https://en.wikipedia.org/wiki/Tiananmen
(21) Longbow lawsuit: The New Yorker; May 7, 2009 The American Dream: The Lawsuit
(22) TAM Transcript Index; Chai Ling; http://www.tsquare.tv/film/transcript_complete.php
(23) Tiananmen Square, 1989: The Declassified History; Edited By Jeffrey T. Richelson and Michael L. Evans; National Security Archive Electronic Briefing Book No. 16; Published – June 1, 1999;https://nsarchive.gwu.edu/
(24) Pelo confronto potencial na Praça Tiananmen, pelo protesto dos trabalhadores e pela violência mercenária em Muxidi, é difícil acreditar que a simultaneidade destes acontecimentos tenha sido acidental. A teoria que parece adequar-se a todos os factos conhecidos é que a revolta dos trabalhadores, com a violência mercenária coordenada separadamente e inserida na imagem, foi programada para coincidir com o esperado derramamento de sangue de Tiananmen, com a intenção de reduzir grande parte de Pequim à violência e à anarquia, resultando numa série de possibilidades desagradáveis. Quase aconteceu assim.
(25) https://en.wikipedia.org/wiki/Operation_Yellowbird
(26) Naquela época, viajar para Hong Kong não era tão rápido e fácil como acontece hoje, portanto, era necessária alguma logística inteligente. Chai Ling alegava ter sido enviada para Hong Kong, numa mala.
(27) Muitos problemas diplomáticos, nessa época, resultaram da interferência do governo dos EUA nos assuntos internos da China. Além de alimentar incêndios revolucionários nos estudantes e de fomentar a violência em Muxidi, o governo dos Estados Unidos foi condenado por fornecer refúgio na Embaixada dos Estados Unidos a vários líderes de motins na China e, em 11 de Junho, um telegrama da Embaixada dos Estados Unidos informava que a rádio e as estações de TV chinesas liam o conteúdo das cartas oficiais em directo, acusando não só o governo dos Estados Unidos de apoiar activamente os rebeldes políticos, mas também de fornecer asilo político aos “criminosos que criaram a violência” em Muxidi. (18) A comunicação mediática ocidental censurou inteiramente todas estas notícias.
(28) US Embassy confirma a versão da China sobre os acontecimentos da Praça Tiananmen; os telegramas obtidos pelo Wikileaks confirmam o relato da China. UK Telegraph, By Malcolm Moore, Shanghai; 04 Junho de 2011;
(29) Os estudantes não estiveram envolvidos na organização do protesto em Muxidi, embora alguns possam ter estado presentes. A praça já tinha um contingente de soldados e não precisava de reforço, os militares podem ter entrado em Muxidi com armas de fogo, mas os estudantes não eram o alvo, e de qualquer forma os estudantes já tinham votado a favor da acuação da praça antes do início da violência em Muxidi.
(30) Deve notar-se que a versão truncada da famosa foto do “homem do tanque”, tirada um ou dois dias depois, de um único jovem desafiando, aparentemente vários tanques militares, foi usada para embelezar a fraude. A visão grande angular dessa foto mostra uma longa fila de veículos militares numa passagem totalmente independente pela Avenida Chang’An e pela Praça e, em qualquer caso, eles estavam claramente sair e não a chegar.
Entrevista a Juan Restrepo –Entrevista com Juan Restrepo – correspondente da RTVE há mais de três décadas e testemunha direta dos acontecimentos na Praça Tiananmen.
https://cualia.es/juan-restrepo-el-periodismo-no-puede-ser-un-oficio-de-fanaticos-y-partisanos/
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